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"Whether it be the Soul itself, or God in the Soul, that shines by Lov, or both, it is difficult to tell: but certainly the Lov of the Soul is the sweetest Thing in the world." (Thomas Traherne, Centuries 4:83).

Tuesday, January 02, 2007

não haver palavras para tudo

Citação
“Mais tarde – quando aconteceram as coisas que eles nunca poderiam ter imaginado – ela escreveu-lhe uma carta que dizia: Quando é que vais aprender que não existem umas palavras para tudo?” (Nicole Krauss, A História do Amor, p. 21).
(posted by RM, 27 -12-06, at 2.39 PM)

Atentei na estrutura gramatical ao mesmo tempo que (re)construía um sentido para o enunciado – o sentido que de seguida desconstruiria para me aproximar mais do coração da escrita – não já da escrita da autora, mas da de quem a cita, no citá-la. Que importa, assim sendo, quais fossem as palavras originais por debaixo das de quem as traduz (sem preocupações de rigor)? Todo o confronto de proposições conflituantes traz alguma coisa ao processo de desconstrução...
O livro chegou-me depressa às mãos no original. E bastou folhear o primeiro capítulo para encontrar o passo:

“Later – when things happened that they could never have imagined – she wrote him a letter that said: When will you learn that there isn’t a word for everything?”

... que não há uma palavra para tudo?
(... que não existem (umas) palavras para tudo... Afinal o estranhamento advém do facto de “umas” não ser o plural de “uma”... optar pelo plural será irrelevante para o caso)
Quererá dizer que “não existem palavras para (dizer) tudo” / todas as coisas? que faltam palavras? Não que lhes sinta a falta, antes que rejubila ante a “abertura” impreenchível que a preenche.

Continuo com aquela impressão de estar a tentar expressar-me numa outra língua, feita não tanto de palavras (que me são naturalmente todas conhecidas), mas de combinações de palavras que me são todas (quase) inteiramente novas suscitando sucessões de imagens que se substituem a uma linha de pensamento que consiga verdadeiramente apreender.

A experiência pura das coisas para que não há palavras também não carece delas. De onde vem que se lhes sinta, então, a falta?
É qualquer coisa inerente à “gramática” – da escrita como da vida... a experiência pura das coisas propicia-a a (leitura da) escrita ou a vivência dela?

1 Comments:

Blogger Unknown said...

É uma sensação de plenitude e bem estar o que sinto perante as tuas palavras. Continua. Sempre...

11:48 PM  

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