Reflexão sobre "O essencial e o superficial" por Rui Magalhães em 05/01/2007:
Tendo estado envolvidas em “acontecimentos” e deles decorrentes, as “coisas” emergem enquanto tal a partir do momento em que a reflexão sobre o seu acontecer o torna re-presentação de um acontecimento (a sua redução a facto), com intervenientes e circunstâncias. No momento em que esta representação mental é verbalizada logo se lhe alia indissociavelmente uma vertente discursiva, bem como o necessário suporte material, escrito ou oral.
Tal será o processo em que a vida se torna texto?
A reflexão que me é suscitada, no entanto, é do não textual, do não modal, do não representacional que visa uma aproximação, no desejo de compreensão do modo de ser/acontecer do acontecimento, sempre por detrás e para além do que se lhe oferece feito facto.
De que natureza é esta reflexão, assim sendo? Seria como se ao termo se retirasse o significado que o étimo comporta ficando um vazio comparável àquilo mesmo de que se deseja uma aproximação?
Uma palavra. Um gesto . Um silêncio. Um movimento” são coisas ligadas à vivência pura que é o "tocar" o essencial lá onde localmente se manifesta. De onde, então, aquela "sensação" que se expressa em alemão por uma derivação de tocar/ser tocado (Berührung). “Em contrapartida coisas como “A decisão de uma vida. Um juízo” são coisas superficiais, o que se manifesta na "ordem explicada" de toda uma complexidade de teias de que os fios de que são feitas decorrem das próprias narrativas que as constroem.Coisas não essenciais, portanto, coisas ilusórias.
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